Do Uol. Com
A propagação de casos de contaminação pelo novo coronavírus dificilmente será contida no Brasil, mas esse cenário não deve ser sinônimo de uma catástrofe e nem de que haja motivo para pânico. A avaliação é de médicas infectologistas consultadas pelo UOL.
O Ministério da Saúde confirmou, o primeiro caso de coronavírus no país: trata-se de um homem que esteve na Itália e está em São Paulo em isolamento domiciliar.
Até o momento, o Brasil tem 20 casos suspeitos do novo coronavírus —ao menos 12 deles são pessoas que vieram da Itália, que viu o número de contaminações pelo SARS-CoV-2 disparar nos últimos dias.
Com sintomas semelhantes ao de um resfriado, como febre, tosse e falta de ar, a infecção pelo novo coronavírus ainda não tem um tratamento específico. Em todo o mundo, o vírus já infectou mais de 80 mil pessoas e deixou pelo menos 2 mil mortos.
Rosana Richtmann, médica infectologista do Instituto Emílio Ribas, destaca que ainda há muitas perguntas sem resposta sobre o coronavírus: "por exemplo, por quanto tempo antes de você estar doente ele pode ser transmitido? Pessoas assintomáticas podem transmitir o vírus?".
Segundo ela, a alta transmissibilidade do vírus, as características do país —com cidades com alta densidade populacional, como é o caso de São Paulo— e a falta de informação com relação às dinâmicas de transmissão do novo coronavírus devem contribuir para que o Brasil tenha um maior número de casos da doença.
Richtmann destaca que a virulência (isto é, a capacidade infecciosa de um micro-organismo e a mortalidade causada por ele) do SARS-CoV-2 é "relativamente baixa", mas que acaba sendo "mais grave" em populações específicas, como idosos ou pessoas com restrições no sistema imunológico. Segundo ela, "a maioria das pessoas vai ter o coronavírus como se fosse um resfriado".
Nancy Bellei, médica infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz ser possível que o vírus já esteja circulando pelo país, mas tenha passado desapercebido em alguns casos. "É possível, com o número de viajantes que nós temos", afirma. Segundo ela, a fase de "contenção" —em que se controla individualmente cada caso, como foi feito com os brasileiros vindos de Wuhan, na China, que foram colocados em quarentena —está chegando ao fim.
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