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NOSTALGIA DA FESTA DE SANT'ANA

 Por Silvana Medeiros Gurgel Dias
A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, sentado e atividades ao ar livre
“Todo ano tem…..
Uma festa famosa na região.
É a Festa de Sant’Ana,
Padroeira do sertão” …
Mais um ano que passa, mais uma festa que chega.
Sempre que tenho a oportunidade de participar de mais uma Festa de Sant’Ana, vários sentimentos emergem.
Poder reencontrar com Sant’Ana, lhe agradecer e renovar minha fé escutando a ladainha da novena, dentro da Catedral, é indescritível.
Poder reencontrar amigos que vejo apenas nessa época do ano, alguns até a muitíssimo tempo, é prazeroso.
Mas, um sentimento em especial me incomoda.
É um sentimento nostálgico.
Não sei se alguns de vocês já se deram conta de que o modelo antigo da festa, aquele que nos acostumamos a ter, está morrendo e nossa geração será a derradeira testemunha disso.
Nossos filhos já não se interessam em frequentar a Praça do Coreto e nossos netos não saberão a magia que tinha o Parque Lima.
E as recordações das antigas festas passam pela minha cabeça como se fossem num filme.
Lembro exatamente como era.
Vamos embarcar numa máquina do tempo e viajar um pouquinho pra trás?
Era assim:
As novenas acabavam sempre após o Hino de Sant’Ana, naquele final onde Pe. Antenor pedia muitas palmas para Sant’Ana, para os peregrinos que chegavam e para o povo de Caicó e aí, já começávamos a escutar o serviço de som da difusora da roda gigante iniciando seus trabalhos, “para mais uma noitada musical”.
Ainda recordo do timbre de voz do locutor dando boa noite.
Entre uma música e outra, nos intervalos, sempre haviam oferecimentos e, um em especial, me encantava.
Era quando o locutor dizia; essa música vai “de um alguém para outro alguém”, assim mesmo, no anonimato.
Muito tempo depois pude compreender que aqueles que estão apaixonados também se entendem nas entrelinhas.
O Parque Lima era nossa Disney World.
Tudo era encantador!
O carrossel de cavalinhos com suas fascinantes zebras, eram disputadíssimas. Aqui acolá uns bancos, onde ninguém queria sentar.
Os aviões, onde criávamos asas e onde o importante era estar sentada numa delas.
Ao lado, as jangadas, terreiro masculino onde algumas meninas se metiam, inclusive eu.
A inesquecível roda gigante com suas cadeiras pintadas de cores diferentes, duas de cada cor.
De cima daquela roda gigante o mundo estava aos nossos pés.
Eu ficava deslumbrada com a visão que tinha da ponte do Rio Seridó.
Lugar predileto dos namorados.
Onde muitos beijos fortuitos foram roubados, quando ela, para sorte dos casais, parava, e a cadeira onde estavam, era exatamente a do cume e de lá não saia.
Num meio-fio qualquer, se instalava o vendedor de sorvete americano.
Era uma máquina barulhenta com dois “braços” onde duas ou três garrafas, de cada lado, de cabeça pra baixo se equilibravam e de onde saia um sorvete em espiral gostosíssimo.
Na sequência várias mesas de jogos de azar, o laça laça, as barracas de tiro ao alvo, muitas outras opções de entretenimentos.
E gente, muita gente.
O vendedor de algodão doce.
E a barraca de Monga.
Monga merece um capítulo à parte.
Ela era a atração maior do parque.
Só em ficar na frente do local onde ela se apresentava já dava medo.
Lá dentro, num espaço minúsculo, meia luz, todo mundo apertado em frente a uma espécie de palco jaula, música ruim e a voz do locutor criando o clímax.
Aos poucos uma mulher ia se transformando em uma gorila que ameaçava se jogar em cima de quem já estava aterrorizado.
De fora se escutavam os gritos.
E você chegava na Praça do Coreto.
Um pouquinho antes de chegar nela, aqui, minha viagem no tempo é interrompida.
Hoje, da esquina, olho pra trás e fico varrendo aquele espaço com os olhos.
Nada disso existe mais.
Apenas um imenso vazio e escuridão.
A Praça do Coreto era, e ainda teima em ser, nosso point.
Ela era glamourosa.
Foi ali que se iniciaram paqueras, que viraram namoros e que perduram em casamentos até hoje.
Ela fez história.
Ainda faz!
Ao seu redor ficavam muitos bares cujos limites eram demarcados apenas por cordas,
Bares onde além da cerveja gelada o visitante podia comer vários tipos de tira gostos,
Peixe na telha, carne de sol acebolada e o famoso churrasquinho de gato.
E, em especial, duas barracas de cachorros quentes.
O de Afra, que havia se mudado para Brasília, mas retornava todo ano nessa época, e o de D. Mariinha.
Em cima do Coreto, todas as noites, a apresentação da Furiosa, nome carinhoso da Filarmônica Recreio Caicoense, executando dobrados ou tocando marchas.
Nosso cartão de visitas dando boas-vindas aos que chegavam.
Embaixo, muitas mesas onde ficavam grupos de amigos ou famílias inteiras, numa alegre e descontraída confraternização.
Dando voltas na praça, homens e mulheres num vai e vem cadenciado pela azaração.
As mulheres, em especial, desfilando com seus vestidos novos.
As mais abastadas, tinham um para cada noite.
As vestimentas, eram motivo de grande preocupação.
As “fazendas”, eram compradas nas Casas Esperança ou lá em Nezinho Vicente.
Para as procissões, roupas brancas impecavelmente engomadas e calçados novos,
Quantos calos!
Para os bailes, longas esperas nos salões de beleza.
Perfume Ramage para as mulheres e Lancaster para os homens.
Nas mãos, às vezes, bolsas truce.
Para chegar aos clubes, os carros de praça, quase sempre dirigidos por Chico Mamão ou Seu Sérvulo.
E era diversão garantida até o sol raiar. Depois disso, colocar os sapatos na mão e tomar o rumo de casa.
No outro dia tinha tudo de novo.
Atualmente, ainda permanecemos durante a Festa de Sant’Ana, todas as noites, após a novena, lá na Praça do Coreto.
É lá onde reencontro meus amigos.
Acabaram-se muitos desses rituais.
Ainda teimam em permanecer duas tradicionais festas.
A Festa dos Coroas e a Festa do ex-aluno do CDS.
O Grande Baile, já não ocorre a anos.
Hoje em dia o que acontece nos clubes são shows, outro formato de festa.
Somos os mesmos de outrora, mas dentro das nossas roupas muitas coisas mudaram.
Deve ser por isso que a festa está mudando também.
Os jovens, poucos vão naquela praça.
Hoje, os points são outros.
Os perfumes e os sorvetes também mudaram.
As mongas da vida estão presentes numa realidade mais cruel, na violência do dia a dia.
É o tempo inexoravelmente andando e eu aqui com essa nostalgia.
Quem vier atrás, que feche a porteira!

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