De Josias de Souza
Bolsonaro declarou na sua live semanal que Eduardo Pazuello "acertou em tudo o que fez no ano passado". Horas antes, a Advocacia-Geral da União protocolara no Supremo Tribunal Federal um pedido para que o ex-ministro da Saúde possa ficar calado na CPI da Covid sem receber voz de prisão dos senadores. Poucas vezes um silêncio soará tão eloquente quanto o mutismo do general.
Pazuello, o infalível, executou o pior na pasta da Saúde da melhor maneira possível. Fez isso porque "um manda e o outro obedece". Beneficiado com o salvo-conduto do Supremo, o general migraria da condição de testemunha para a de investigado. E poderia exercer o direito constitucional de não produzir prova contra si mesmo, escondendo-se atrás de meias palavras. Ou de palavra nenhuma.
Delegado aposentado, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) contou que a CPI da Covid estenderá para o general na próxima quarta-feira o tapete vermelho reservado às testemunhas. Decidiu-se que, independentemente da posição do Supremo, Pazuello será convidado a assumir o compromisso de dizer a verdade sobre tudo o que "acertou" na Saúde.
Entretanto, não se pode impedir uma testemunha de reivindicar a constrangedora posição de investigado. "Ao pedir o habeas corpus ao Supremo, o ex-ministro se apresenta como alguém que precisa esconder alguma coisa. É uma confissão de culpa. Se ele se recusar a assumir o compromisso de dizer a verdade, não restará à CPI senão interrogá-lo como investigado.".
De fato, o eventual silêncio soará com a eloquência de uma confissão. Não apenas de Pazuello, que obedeceu a ordens absurdas, mas sobretudo de Bolsonaro, que mandou fazer o impensável.
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