De Cristina Lobo
Ao contabilizar a vitória na Comissão de Constituição e Justiça, quando derrotou o relatório do deputado Sérgio Zveiter que defendia a continuidade da denúncia contra o presidente Michel Temer, o governo mudou a estratégia na Câmara: agora, o governo diz não mais ter pressa para votar em plenário o pedido de afastamento de Temer e transferiu para seus opositores a tarefa de garantir quorum para colocar a matéria em votação. Para chegar ao resultado favorável, o governo fez pelo menos 25 substituições na Comissão de Justiça.
"Nós respeitamos a harmonia entre os poderes. Quem fixa data de votação é o Legislativo e o desafio de dar quorum é da oposição", disse um ministro.
Esta nova estratégia combina com a expectativa de que outras denúncias da Procuradoria-Geral da República podem aparecer - além de corrupção passiva, também por lavagem de dinheiro e organização criminosa - já nos primeiros dias de agosto. Temer foi convencido por aliados de que ele teria base suficiente para rejeitar uma primeira denúncia, a que agora está em discussão. Mas poderia perder na segunda ou terceira porque os parlamentares poderiam argumentar que já haviam feito a defesa do governo.
Por isso, há os que defendem que o governo deva aguardar os próximos passos da PGR. Ainda que as investigações indiquem maior envolvimento de pessoas ligadas a Temer, como é o caso de Geddel Vieira Lima que foi apontado pelo doleiro Lúcio Funaro como beneficiário de malas de dinheiro entregues a ele no Aeroporto de Salvador. A informação de aliados do governo é a de que denúncias envolvendo pessoas próximas a Temer ajudariam a PGR a sustentar denúncia por organização criminosa.
A avaliação do governo é a de que dificilmente haverá quorum na Câmara de 342 presentes numa sessão na próxima segunda-feira. Assim, o assunto fica de fato para agosto, apesar de uma tentativa que Rodrigo Maia poderá fazer na segunda-feira. Até lá, o governo aguarda algumas notícias positivas na economia como, por exemplo, uma lenta recuperação da arrecadação federal que pode indicar também lenta recuperação da economia.
Comentários
Postar um comentário