Folha de S. Paulo
A televisão do gabinete presidencial exibia a terceira hora do voto do relator Herman Benjamin, no fim da tarde desta quinta-feira (8), mas Michel Temer nem prestava atenção. Com alguns políticos aliados, já traçava planos políticos para as próximas semanas e discutia estratégias para evitar a debandada do PSDB de sua base aliada.
O presidente chegou mais cedo ao Palácio do Planalto para assistir ao julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que colocava em risco sua permanência no cargo. Ao longo do dia, com a sinalização de que a maioria dos ministros poderá inocentá-lo, passou a se dedicar às estratégias para manter seu governo de pé.
Em conversas reservadas, Temer classificou uma decisão favorável da Justiça Eleitoral como uma oportunidade de "virar o jogo" e de arrefecer a crise que enfrenta, mas manifestou preocupação com o cenário político da próxima semana.
A partir de agora, ele pediu empenho de seus articuladores políticos para conter a ameaça de saída do governo feita pelo PSDB, principal fiador da gestão peemedebista. Na avaliação dele, o desembarque do partido, que poderá ser definido em reunião na próxima segunda-feira (12), causaria um esfacelamento da base aliada.
O peemedebista também vai mobilizar uma tropa de choque para barrar no Congresso uma denúncia que deve ser apresentada contra ele pela PGR (Procuradoria-Geral da República), o que o afastaria temporariamente do cargo.
Para não se tornar réu, o presidente precisa do apoio de 172 deputados federais. Ao mesmo tempo em que tenta evitar o desembarque do PSDB, Temer iniciou ofensiva sobre o chamado "centrão", formado por partidos como PP, PR, PTB e PSD. O governo reforçou as ofertas de cargos e emendas parlamentares para manter a base unida diante da turbulência política.
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